domingo, 14 de setembro de 2014

Uma análise sobre as denúncias publicadas na Veja sobre a Petrobras

Paulo Roberto Costa
O ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa foi preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal em março deste ano, acusado de fazer parte de um mega esquema de lavagem de dinheiro, comandado pelo doleiro Alberto Youssef, que movimentou valores estimados em 10 bilhões de reais.

Paulo Costa, para evitar ser condenado a uma pena que poderia chegar a mais de 30 anos de prisão, decidiu fazer um acordo de delação premiada com o judiciário, para que sua pena seja bastante reduzida.

Uma reportagem da revista Veja, publicada no dia 6 deste mês, afirma que seus jornalistas tiveram acesso, de alguma maneira que não foi informada, ao depoimento de Paulo Roberto Costa, que deveria estar em segredo de justiça.

Segunda a Veja, ele teria denunciado que um grupo de 25 deputados, seis senadores, três governadores e um ministro do governo Dilma teriam recebido propina de empresas que prestam serviços à Petrobras. Eles receberiam 3% do valor total dos contratos.

Dentre os envolvidos do alto escalão da política estariam os presidentes da câmara dos deputados e do senado, Henrique Eduardo Alves e Renan Calheiros, o Ministro das Minas e Energia, Edson Lobão, e os governadores Sérgio Cabral (RJ), Roseana Sarney(MA) e Eduardo Campos(PE),

Uma coisa interessante é que, apesar de Paulo Costa supostamente ter denunciado 35 políticos, apenas o nome de 12 deles aparece, tanto na matéria da Veja, quanto no restante das matérias de toda a grande imprensa e praticamente todos os políticos divulgados são (ou foram) da base aliada do governo. O nome dos 23 políticos restantes e das empresas que teriam pago as propinas também não são mencionados.

Uma segunda coisa bem interessante é que a revista não mostrou nenhuma prova de que realmente teve acesso ao depoimento de Paulo Costa. Não mostrou um vídeo, um documento, nem qualquer material que comprove o que diz. Nem sequer os supostos valores recebidos por esses políticos são mencionados.

Nesse meio tempo, o governo Dilma corre desesperado para tentar ter acesso ao real depoimento, que está em segredo de justiça, para poder se defender das denúncias publicadas na revista. Enquanto isso, apanha diariamente na imprensa e vê as ações da Petrobras despencarem. Por incrível que pareça, isso não se refletiu numa queda nas intenções de voto da presidente Dilma.

Algo que é importante mencionar é que não basta que Paulo Costa diga que determinada pessoa está envolvida. Também é necessário provar o que diz. 

Mas para a grande imprensa isso parece não ter importância alguma. O que importa é que ele supostamente citou o nome desses políticos e isso pode ser usado para atacar tanto a candidatura de Dilma, já que seus aliados estariam envolvidos, quanto a de Marina Silva, já que Eduardo Campos também estaria envolvido.

Um exemplo bem recente, que mostra o quanto devemos ter cuidado com supostos vazamentos de inquéritos sigilosos, é o caso dos 23 manifestantes presos durante os protestos na Copa do Mundo. O Jornal Nacional disse que teve acesso acesso às informações sobre as acusações que pesavam contra os réus, antes mesmo que os advogados deles tivessem acesso a essas informações. 

A Globo mentiu para os espectadores sem a menor vergonha. Disse que os suspeitos eram acusados de depredar o patrimônio público, causar lesão corporal, posse de explosivos, corrupção de menores, dentre várias outras acusações. Posteriormente, o desembargador que concedeu Habeas Corpus aos 23 manifestantes disse que só pesava uma única acusação contra eles: a de formação de quadrilha armada, com base num único revólver encontrado na casa de um dos suspeitos.

Ao conhecer o histórico de empresas jornalísticas como a Globo e a Abril, é bom sempre olhar com muita desconfiança qualquer denúncia de corrupção que apresentam.

Denúncias lançadas bem próximo das eleições podem muito bem estar repletas de informações manipuladas para beneficiar algum candidato. É bom lembrar que há muito tempo a Veja trabalha ativamente nas campanhas à presidência do PSDB.


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