quinta-feira, 27 de março de 2014

A CPI da Petrobras servirá apenas como palanque eleitoral


Tenho visto nos últimos dias um esforço grande no congresso, da oposição tanto de esquerda quanto de direita, para fazer uma CPI para investigar a Petrobras. Parlamentares de vários partidos estão se unindo para criar comissões que investiguem a compra da refinaria de Pasadena nos Estados Unidos.

No meio de tantos ataques e pedidos de investigação, vejo que as críticas são todas concentradas na Dilma Roussef. O conselho de administração era formado por várias pessoas, mas querem jogar toda a culpa na atual presidente.

A Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e o Ministério Público já investigam o caso. Mas os parlamentares, acreditando saber investigar melhor que esses órgãos, querem também fazer uma Comissão Parlamentar de Inquérito.

Isso apenas mostra o quanto essa idéia de criação da CPI é oportunista. Neste ano de eleição, ela apenas vai ser transformada em palanque eleitoral e nada mais.

O caso da compra da refinaria deve sim ser investigado, mas de forma séria. Se é para condenar alguém por ter feito uma má compra no caso da refinaria, que se condene não apenas a Dilma, mas todos os membros do conselho de administração da época, que votaram de forma unânime, e também o banco americano Citibank, que deu o aval ao negócio.

Segundo o que andei pesquisando, além da Dilma Roussef, integravam o conselho de administração:

* O atual diretor do grupo Abril Fábio Colletti Barbosa (chefão da Veja).
* O empresário Jorge Gerdau Johannpeter (do grupo Gerdau).
* O empresário e economista Claudio Luiz Haddad.
* O ex-ministro Antônio Palocci.
* O general Gleuber Vieira.
* O atual governador da Bahia Jaques Wagner.
* O ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra.
* O empresário Arthur Antônio Sendas (hoje falecido).

Se é para existir uma investigação sobre a compra da refinaria, que se faça contra todos os integrantes do conselho e não especificamente contra a presidente, ou estarão apenas demonstrando que a CPI é oportunista.
Claudio Luiz Haddad, defendeu [...] que o Conselho de Administração da estatal dispunha de informações "fundamentadas" para a aprovação da compra da refinaria de Pasadena, em 2006. Segundo ele, o ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró, fez uma apresentação "consistente" do negócio e recomendou sua aprovação. [...] Haddad lembrou que as negociações foram assessoradas por uma instituição financeira, que também deu aval às condições de compra da refinaria. "Ele [o banco] atestou que o preço se enquadrava à prática do mercado, e que as condições eram normais. Sendo uma apresentação consistente, não havia nada que oferecesse qualquer tipo de dúvida", afirmou o ex-conselheiro.
(Reportagem do Estadão de 21/03/14)
Fábio Barbosa, atual diretor do grupo Abril, disse que “A proposta de compra de Pasadena submetida ao Conselho em fevereiro de 2006, da qual eu fazia parte, estava inteiramente alinhada com o plano estratégico vigente para a empresa, e o valor da operação estava dentro dos parâmetros do mercado, conforme atestou então um grande banco americano, contratado para esse fim. A operação foi aprovada naquela reunião nos termos do relatório executivo apresentado.”.
(Matéria da Veja - 21/03/2014)

O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, do grupo Gerdau, que ainda mantém cadeira no Conselho de Administração da Petrobras, afirmou que o negócio foi decidido com base em "avaliações técnicas de consultorias com reconhecida experiência internacional, cujos pareceres apontavam para a validade e a oportunidade do negócio." 
(Matéria da Veja - 21/03/2014)
O general da reserva Gleuber Vieira, [...] que se desligou do conselho também em 2006, disse ao G1 que não teve conhecimento destas cláusulas [Put option e Marlim]. "Não recordo detalhes, mas essas cláusulas devem ter vindo depois, na hora da negociação para a compra. Eu, pelo menos, não tomei conhecimento" [...] "Não me recordo se no momento (da compra) houve algum questionamento, mas é sintomático o fato de ter sido aprovado por unanimidade. Os estudos feitos pela diretoria, apresentados ao conselho, foram sólidos. Agora, se eles tinham fundamento ou não, são outros 500", acrescentou Vieira.
(Matéria do G1 em 21/03/2014)

O banco ao qual os conselheiros se referem é o banco americano Citibank. Que ele seja investigado também e que seu nome seja citado publicamente, se estamos falando em culpados pela compra.


Desejo que todos as denúncias contra a Petrobras sejam devidamente investigadas e para isso há diversos órgãos de investigação devidamente aparelhados para isso.

Os parlamentares criarem uma comissão para investigar algo que já está sendo investigado por tantos outros órgãos é um absurdo. A única utilidade da CPI vai ser usar discursos de alguns políticos para aparecer em jornais da TV e em seus programas eleitorais.

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Leia mais neste blog sobre esse assunto:

Ex-diretor da Petrobras grava a própria entrevista com a Globo por receio de ser manipulada

Como calcular o prejuízo real da Petrobras na compra da refinaria de Pasadena?

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