Muitos se incomodam bastante com as alianças feitas por Lula e Dilma para se elegerem e para conseguirem governar.
Aqueles que tinham esperanças de que Lula e o Partido dos Trabalhadores (PT) fariam uma mudança radical na política, logo se desencantaram quando viram as alianças que foram feitas com o PMDB, PP, PR e outros partidos que nem de longe são de esquerda.
Fernando Collor, Renan Calheiros, José Sarney, Paulo Maluf, Kátia Abreu e vários outros políticos bem pouco agradáveis vieram de brinde nas alianças com esses partidos.
Será que aqueles que criticam essas alianças em algum momento já se perguntaram como seriam os governos Lula e Dilma se elas nunca tivessem sido feitas?
Em primeiro lugar, Lula teria sido eleito sem essas alianças?
Quando um partido resolve se aliar com outro, nem sempre é porque seus integrantes simpatizam com as idéias que são defendidas publicamente pelo outro ou porque gostem dos integrantes desse partido, mas principalmente porque possuem objetivos em comum que não conseguiriam alcançar se lutassem individualmente por eles.
Quem quer a presidência precisa ter votos. Muitos votos. Em 2010, foram necessários 50 milhões. Dilma conseguiu 55 milhões.
Para vencer as eleições é necessário conseguir vencer na maioria dos Estados. É preciso conseguir votos em cada um dos 5.564 municípios brasileiros. É preciso fazer uma campanha eleitoral que vá do Norte ao Sul do Brasil, passando do município mais rico até o mais pobre. Isso não é tão simples de fazer.
Para ajudar nessa tarefa, políticos aliados farão campanha para o candidato por toda parte. Ele pode até não ter tempo para ir numa cidade pequenina de Sergipe, mas provavelmente haverá políticos nessa região que pedirão votos (ou os comprarão) para ele.
Adicionar partidos a uma coligação também serve para conseguir mais "doadores" para sua campanha. O novo partido adicionado poderá pedir a alguns dos seus "doadores" tradicionais que façam uma doação para o candidato que eles indicarem.
Isso é necessário porque uma campanha de tal magnitude custa muito, muito caro. Em 2010, tanto Dilma quanto José Serra gastaram mais de R$ 100 milhões cada um. É preciso conseguir o apoio de muitos empresários para levantar tanto dinheiro.
Outra vantagem de adicionar o máximo possível de partidos numa coligação é o de somar, para o candidato que a representa, o tempo de TV e rádio a que eles têm direito no horário eleitoral "gratuito". As coligações que o PT fez neste ano garantiram a Dilma 11m e 48s no horário eleitoral, contra 4m30s de Aécio e 2m03s de Marina Silva.
Uma grande coligação também tem grandes chances de eleger muitos candidatos ao legislativo, graças à regra do quociente eleitoral, que dá total vantagem às coligações e quase inviabiliza as candidaturas de partidos que não se coligam.
Além da aliança com partidos políticos e empresários, é importante a aliança com líderes influentes que possam angariar mais votos para o candidato. Por isso buscam apoio de figuras de destaque na música, no teatro, nas igrejas, na imprensa, nas universidades, nos movimentos sociais, etc.
Ninguém é forte sozinho. Essa frase é verdadeira para uma pessoa, assim como também é para qualquer partido político.
Se um político ou um partido desejam crescer, precisam se aliar a muitos outros que tenham poder ou provavelmente serão sempre pequenos. Se não crescerem, terão pouquíssima influência sobre os rumos da política do seu país.
Os partidos que se isolam, para manter a pureza de suas ideias e projetos políticos, dificilmente crescem. Alguns se isolam tanto que jamais elegem um vereador em todo o país.
As alianças que o PT fez foi o que garantiu seu espaço na alta política. Venceram duas eleições com o Lula, uma com a Dilma e seguem na tentativa de conseguir um quarto mandato.
Talvez se o PT não tivesse escolhido esse caminho, hoje não teríamos o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, o Mais Médicos, o Prouni, o Pronatec, o Ciência sem Fronteiras, o Luz para todos, dentre tantos outros programas criados durante os governos Lula e Dilma. Provavelmente não teríamos visto o Brasil se tornar uma país de destaque na política internacional, nem estaríamos hoje com a menor taxa de desemprego de nossa história.
Se não tivessem escolhido esse caminho, hoje não estaríamos batendo na Dilma. Teríamos passado os últimos 12 anos batendo no José Serra ou no Geraldo Alckmin, talvez em condições bem piores.
"É melhor ter 10% de milhões do que 100% de nada".
A frase acima eu ouvi há alguns anos de um dono de uma construtora, que discutia sobre valer a pena ou não ser sócio proprietário de uma pequena parte de um grande negócio.
Quem quer realmente ser presidente, precisa pensar assim ou ficará sonhando para sempre com o dia em que vai se eleger.
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