sábado, 2 de agosto de 2014

Merval Pereira, da Globo, acusa Dilma de impedir o banco Santander de "se expressar"


Na sexta-feira (25), a imprensa divulgou um comunicado do Banco Santander, enviado aos seus clientes da categoria Select, que são aqueles que possuem renda acima de 10 mil reais mensais, que fazia um alerta de que se a Dilma fosse eleita (até se subisse nas pesquisas), muitas coisas piorariam na economia.

Com a repercussão da notícia, muitos militantes pró-Dilma se revoltaram e declararam nas redes sociais que encerrariam suas contas no banco e incentivaram seus seguidores a fazerem o mesmo.


O Santander rapidamente correu para emitir uma declaração de que o comunicado enviado aos seus clientes mais ricos "feriu a diretriz interna que estabelece que toda e qualquer análise econômica enviada aos clientes restrinja-se à discussão de variáveis que possam afetar a vida financeira dos correntistas, sem qualquer viés político ou partidário.". Em seguida comunicou que demitiria os responsáveis pela nota.

A partir disso, começaram a surgir as críticas à presidente Dilma Roussef sobre o caso.

Destaco aqui trechos de uma coluna de Merval Pereira no jornal O Globo:


O Estado e o Capitalismo (29/07/2014)
Concordo com a presidente Dilma, que classificou ontem o que está acontecendo no mercado financeiro de “inadmissível” e “lamentável”, mas tenho a visão oposta à dela: o que é inaceitável é um governo, qualquer governo, interferir em uma empresa privada impedindo que ela expresse sua opinião sobre a situação econômica do país. Sobretudo uma instituição financeira, que tem a obrigação de orientar clientes para que invistam seu dinheiro da maneira mais rentável ou segura possível.
Numa democracia capitalista como a nossa, que ainda não é um “capitalismo de Estado” como o chinês — embora muitos dos que estão no governo sonhem com esse dia —, acusar um banco ou uma financeira de “terrorismo eleitoral”, por fazerem uma ligação óbvia entre a reeleição da presidente Dilma e dificuldades na economia, é, isso sim, exercer uma pressão indevida sobre instituições privadas.
Daqui a pouco vão impedir o Banco Central de divulgar a pesquisa Focus, que reúne os grandes bancos na previsão de crescimento da economia, pois a cada dia a média das análises indica sua redução, agora abaixo de 1% este ano. [...]
Nessa declaração, Merval afirma que Dilma está interferindo numa empresa privada, impedindo que ela se expresse da maneira que achar melhor, apenas por ter criticado a postura do Santander. Depois insinua que daqui a pouco o governo começará a impedir que análises econômicas sejam divulgadas.

Vocês não deveriam levar a sério nada do que está escrito nessa coluna do Merval Pereira, por várias razões.

A Dilma não fez nenhuma intervenção no banco, nem o ameaçou com qualquer punição. Nem poderia, pois o executivo não pode sair punindo bancos sem mais nem menos.

Quem fez ameaças ao banco foram grupos de clientes do banco que são militantes do Partido dos Trabalhadores ou defensores do governo Dilma.

Qualquer cliente de qualquer empresa pode deixar de comprar ou utilizar os serviços da mesma a qualquer momento e por qualquer razão, se não houver algum contrato que o impeça disso. Assim, os clientes de um banco podem resolver cancelar suas contas se o mesmo tomar uma atitude que os desagrade.

Da mesma forma, um grupo pró-Israel poderia orientar a todos os judeus que cancelassem suas contas num determinado banco, cujo dono falou mal do governo de Israel pelas matanças na Palestina. Não necessariamente todos fariam o cancelamento da conta, mas alguns poderiam seguir a recomendação. 

O banco tem o direito de se expressar, mas o grupo que ficou incomodado com as declarações do banco também tem o direito de se expressar e sugerir o que bem entender a seus seguidores, desde que não vá contra a lei.

É interessante o pensamento de Merval e de outros colunistas da grande imprensa. 

Todos podem falar mal da presidente o quanto quiserem. Mas ela não pode dizer nada em sua defesa. Se disser, estará interferindo em empresas privadas, promovendo censura, dentre outras acusações.

Pois é gente. Quem diz o que quer, ouve o que não quer...

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