Parece piada, mas não é.
No inquérito da polícia civil do Rio de Janeiro que indiciou 23 pessoas que participaram de manifestações, o filósofo Mikhail Bakunin, morto em 1876, foi citado como um dos possíveis suspeitos, após policiais terem ouvido manifestantes anarquistas citarem com frequência o nome dele.
Abaixo trechos de uma matéria da Folha:
Acusada de articular atos violentos, professora diz que inquérito é ficção (28/07/2014)
Por 13 dias, a professora universitária Camila Jourdan, 34, permaneceu em uma cela no complexo penitenciário de Bangu, na zona oeste carioca. Ela é uma das protagonistas do inquérito com mais de 2.000 páginas, produzido pela Polícia Civil do Rio, que, sob a classificação de "quadrilha armada", responsabiliza 23 pessoas pela organização de ações violentas em protestos.
"Do pouco que li, posso dizer que esse processo é uma obra de literatura fantástica de má qualidade", definiu Camila, em entrevista à Folha, no sábado (26), dois dias após conquistar sua liberdade provisória.
Ela cita o teórico do anarquismo Mikhail Bakunin, ao falar sobre a fragilidade do inquérito. Em mensagens interceptadas pela polícia, Bakunin era citado por um manifestante e, a partir daí, o filósofo russo, morto em 1876, passou a figurar nos autos como potencial suspeito.
Por volta das 6h de 12 de julho, véspera da final da Copa, três policiais civis invadiram o apartamento da professora, que estava acompanhada pelo namorado, Igor D'Icarahy, 24, com mandados de prisão contra ambos.
De acordo com o inquérito, os agentes encontraram uma garrafa com gasolina, uma bomba de fabricação caseira e outra conhecida como "cabeção de nego". Em diálogos grampeados, Camila faz referências a "livros" e "canetas", que, segundo os investigadores, seriam respectivamente coquetéis molotov e rojões. [...]
A Rede Globo, em conjunto com a Veja, fizeram uma grande manipulação na cobertura dos fatos que envolvem esse inquérito contra os 23 manifestantes. Disseram em reportagens que eles seriam acusados de uma série de crimes e posteriormente foram desmentidos pelo desembargador que concedeu Habeas Corpus aos manifestantes. Segundo ele, só havia uma única acusação contra eles e que era a de "Formação de quadrilha armada". Um único revólver foi encontrado na casa de um dos acusados e que pertencia ao pai do rapaz.
No momento todos os acusados estão respondendo o processo em liberdade.
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