Seguem abaixo alguns trechos de uma matéria do El País:
Padre excomungado segue vivendo no celibato e realiza casamentos (31/08/2014)
Roberto Francisco Daniel, de 49 anos, mais conhecido como padre Beto, foi excomungado pela Igreja Católica há mais de um ano, mas mesmo assim continua pregando os ensinamentos que o fizeram ser expulso da Igreja. Vem celebrando cerimônias de casamentos, inclusive entre casais homossexuais. [...]
Nesses últimos meses, [...] continua mantendo hábitos do sacerdócio, inclusive afirma que mantém o celibato. [...]. Além de casamentos, ele comparece a velórios, mas "sem ser em nome da Igreja Católica". Dá aulas de filosofia, [...] ministra palestras na área de ética. Beto também aproveitou para lançar um livro, Verdades Proibidas, e agora se prepara para lançar em setembro Jesus e a sexualidade, em que aborda a sexualidade na Bíblia e qual é o fundamento da moral sexual da Igreja Católica.
[...] "Não existe fundamento na Bíblia que sustente a postura da Igreja diante do sexo", afirma.
Padre Beto é categórico: não quer voltar para a Igreja Católica, muito menos fundar uma igreja própria. "Acho que o ciclo se encerrou. A Igreja precisaria mudar muito para que eu conseguisse voltar para ela", afirma.
Nascido em uma família católica, foi criado dentro da religião, em um núcleo da Teologia da Libertação, linha mais aberta da Igreja. Na faculdade, cursou História e Direito, foi professor, mas resolveu entrar para o sacerdócio em 1991. "Se tivesse nascido em uma família evangélica, seria pastor. Se fossem budistas, me tornaria um monge", explica ele.
[...] Ele aceitou ir para a Alemanha, onde fez seu mestrado em Teologia [...] ele resolveu voltar ao Brasil em 1998 para se ordenar padre. Depois, foi novamente para a Europa e fez seu doutorado[...]
Quando voltou ao Brasil para ficar, em 2001, ele encontrou uma Igreja Católica diferente da que havia deixado anos antes. A Igreja havia se distanciado da política, da economia e se tornara mais dogmática. "Antes, nós tínhamos uma Igreja que queria humanizar as pessoas, não convertê-las para o catolicismo", afirma ele.
Não faria muito sentido um padre ser excomungado por defender a união entre pessoas do mesmo sexo, numa época em que o próprio papa Francisco já trata o assunto de forma mais amigável, diferente do seu antecessor, Bento XVI, que dizia que o casamento homossexual era uma ameaça à humanidade.
Sou católico, mas já faz anos que perdi o interesse de assistir a uma missa. Passam-se 20 anos e a pregação parece ser a mesma coisa engessada, que nunca muda. Raríssimos padres hoje prendem a minha atenção. Se houvesse na minha cidade um padre como Beto, provavelmente voltaria para a igreja. Mas pelo visto, a igreja não quer que pessoas como ele preguem. Ao ver isso, é como se a igreja estivesse dizendo que também não me quer lá dentro...
Se tiver um tempinho livre, aproveite e assista a participação do padre Beto no programa De Frente com Gabi em 3 de julho de 2013:
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