Na última terça-feira (23), na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Polícia Federal, que estava com agentes à paisana, realizou a prisão de um aluno de Geografia usando esses agentes que estavam sem identificação. Quando os policiais levaram o aluno para dentro da viatura, dezenas de estudantes a cercaram o carro e não queriam deixá-los levar o estudante.
O crime cometido pelo estudante era portar alguns cigarros de maconha, que apesar de ser uma droga mais leve que outras como o álcool e o tabaco, ainda é considerada ilegal.
Um impasse teve início. Muito estudantes se reuniram ao redor do carro aos gritos de "Não vai sair!, não vai sair!".
O professor Paulo Machado, diretor do CFH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas) tentou negociar com o delegado da Polícia Federal Cassiano Júnior uma saída pacífica para o caso. Ele sugeriu que ele próprio, junto do chefe de gabinete da reitoria e do Procurador Federal, que estavam presentes no local, fossem juntos na delegacia com os agentes da PF para registrar o termo circunstanciado. Depois disso poderiam abrir um processo normalmente. Ele diz ainda: "Eu apelo ao seu senso de humanidade, para que não aja um incidente de grandes proporções aqui. Sobre a nossa negociação, resulta consequências sobre vidas."
O delegado faz pouco caso dos apelos do professor e deixa claro que vai sair com o preso de qualquer maneira, nem que seja necessário o uso da força contra os estudantes.
O professor pergunta se essa reação da polícia não é muito desproporcional em relação ao ocorrido e o delegado responde que não.
Alguns minutos depois a Tropa de choque entra e dispara balas de borracha e gás lacrimogêneo contra os estudantes. Há correria para todos os lados.
Revoltados os estudantes viraram dois carros: um pertencente à Polícia Federal e outro pertencente à universidade. Houve também destruição de câmeras do circuito interno da UFSC.
 |
Carros virados pelos estudantes |
Em seguida os alunos resolveram ocupar a reitoria do campus e se encontram lá ainda hoje.
Abaixo um vídeo do TJ UFSC, o telejornal da Universidade, mostrando parte do que aconteceu na terça-feira.
Fico me perguntando porque tamanha truculência para levar 5 pessoas por porte de quantidades pequenas de maconha, que só enquadram a pessoa como usuário?
Após toda essa confusão, na delegacia, os presos prestaram depoimento, foi feito o termo circunstanciado e foram liberados. A mesma coisa poderia ter sido feita se a PF tivesse aceitado o acordo do professor, do procurador federal e de chefe de gabinete da universidade. Nada dessa confusão toda estaria acontecendo.