quarta-feira, 19 de maio de 2010

A realidade sobre as eleições


Em todo ano de eleição, fala-se bastante em democracia, liberdade de escolha, liberdade de expressão, mudança na vida da população, direito de escolher o futuro do país e várias outras coisas bonitas.

Surgem vários candidatos e cada um afirma ser o melhor para a sua cidade/estado/país. Cada eleitor escolhe o seu candidato e sai para votar, cheio de esperanças de uma vida melhor.

Terminam às eleições, novos candidatos são eleitos e todos ficam na expectativa para ver o que acontecerá em seguida.

Os anos passam, melhora-se a economia (às vezes), melhora-se a quantidade de empregos e alguma poucas coisas, como a saúde e a educação, melhoram uns 2% ao ano, quando melhoram.

A situação da segurança pública se altera muito pouco, os impostos continuam altos, os cofres do governo abarrotados de dinheiro da população e vemos também que a pobreza e a miséria no país continua grande, com uma minúscula parcela da população vivendo realmente bem.

Após um tempo, chegam novas eleições. O povo se enche de esperanças novamente, fala-se em democracia, direitos e todo o blablabla de sempre. Após as eleições, o ciclo se repete.

A grande pergunta:

Será que as eleições são realmente a chance que temos de mudar a sociedade? a televisão, o rádio, as revistas e os jornais falam nisso o tempo todo. Será que nós realmente decidimos o futuro do nosso país?


Minha opinião:

Eu, sinceramente, penso que não. As eleições não resolvem os principais problemas do país. Praticamente todos os governantes que entram, focam os investimentos do governo no apoio às empresas do país, para tentar melhorar a economia, mas muito pouco se faz para atingir diretamente a camada pobre do país.

Investir na economia é ruim? Não, claro que não. O problema é que os governos focam na economia e fazem muito pouco para melhorar a vida das pessoas diretamente, apenas indiretamente. Investe-se nas empresas, para que, futuramente, como efeito colateral, a vida dos trabalhadores melhore.

Isso mesmo, efeito colateral. Preste bem atenção na grande maioria dos investimentos dos governos (não só o brasileiro) e veja se o foco deles não são as empresas.

Quase todos os projetos que são feitos para melhorar a qualidade de vida da população diretamente são fruto de luta do povo, por muitos e muitos anos ou décadas.


A luta incessante dos professores:



Há pouco tempo, os professores conseguiram obter o seu piso salarial nacional. Há quantos anos eles lutavam por isso? É um absurdo como coisas tão básicas, como salários dignos para os professores, precisem de tanta luta para serem conseguidas.

Imagino o ódio no rosto dos professores quando eles assistiram àquela infame propaganda do MEC, onde diziam que a profissão mais importante da socidade é o professor, sendo eles os grandes responsáveis pelo desenvolvimento. Dizem isso, mas desvalorizam completamente essa categoria profissional, fazendo com que muitos tenham de trabalhar em 3 ou 4 locais diferentes para terem uma boa renda.

Se os professores são os profissionais mais importantes da sociedade, então por que eles não são tratados como tal? Destesto quando os governos fazem essas propagandas ridículas.

Para quem gostaria de rever a propaganda, abaixo está o link:



http://www.youtube.com/watch?v=7lBWfCl9fIg&feature=related


Pobres dos aposentados:




A cada ano que passa, os salários dos aposentados ficam menores e menores. A pessoa já se aposenta ganhando menos do que ganhava e, ao longo dos anos, seu poder de compra vai caindo, dado que o benefício dos aposentados sempre aumenta abaixo do aumento do salário mínimo.

Há muitos anos, essas pessoas que tanto trabalharam, que tanto contribuíram para o crescimento do país, lutam para ter uma aposentadoria digna, para se sustentarem e terem uma velhice tranquila. A inflação é muito cruel para os velhinhos, principalmente para os que tomam muitos remédios (acredito que seja a maioria).

Os governos não cuidam bem nem dos que estão com saúde e produzindo bastante, imaginem dos que estão velhos, doentes ou deficientes. Esse grupo de pessoas são como um fardo para o governo e por isso o mesmo não dá a mínima para eles.


Durante as crises, o povo que se dane!!



Um excelente exemplo que posso apresentar a vocês é o do pacote econômico dos EUA, onde o governo liberou 700 bilhões para salvar grandes empresas e os bancos que estavam quase falidos.

Nesse período, uma gigantesca quantidade de pessoas perderam suas casas, pois sem emprego, não podiam pagar a hipoteca. Esses perderam as suas casas por causa de um problema que os bancos criaram.

No mais novo documentário do cineasta americano Michael Moore (Capitalismo, uma história de amor) é mostrado o drama das famílias que perderam as suas casas que estavam hipotecadas. Antes da crise, muitas e muitas financeiras estavam oferecendo às pessoas a oportunidade de "refinanciarem" suas casas, para terem dinheiro para realizarem seus sonhos. O governo estava incentivando bastante esses "refinanciamentos", pois isso faz com que a economia cresça e o dinheiro circule mais.

O governo americano não usou um centavo desses 700 bilhões para salvar as famílias que perderam as suas casas, mas usou todo o dinheiro para salvar os culpados por essas perdas.

Nas crises, isso sempre acontece. Socorrem apenas as empresas e o povo é deixado de lado, para que a vida deles melhore somente sob efeito colateral do resultado das empresas.


Mas, por que tudo isso?



Tudo isso ocorre, por que a imensa maioria dos políticos são financiados por grandes empresas, desde a sua candidatura até todo o cumprimento do seu mandato. Pense bem: de onde mais os candidatos tirariam mlhões para suas campanhas?

Dada essa informação, é perfeitamente compreensível por que os governos dão mais apoio aos empresários do que aos trabalhadores.

Imagine uma situação, em que, se uma determinada lei for aprovada, vai beneficiar os trabalhadores de diversos setores e prejudicar os empresários da área de construção civil, por exemplo. Se algumas dessas empresas estiverem financiando vários grupos políticos, dificilmente essa lei será aprovada. Até parece que vai ter algum político que vai dar uma de herói, defendendo o direito do povo e irá se voltar contra quem lhe deu milhões. A menos que ele queira aparecer morto no dia seguinte...

Mas se o povo não tem dinheiro para financiar os políticos e as eleições não resolvem os seus problemas, o que ele pode fazer para melhorar suas condições de vida?


O povo precisa lutar



A única coisa que muda verdadeiramente a vida dos trabalhadores é a luta popular. O povo organizado e unido possui uma força imensa, capaz de realizar grandes coisas.

Nos países onde as pessoas protestam bastante, como a França, a qualidade de vida da população é muito melhor do que a brasileira. O documentário "Sicko" de Michael Moore mostra como é a cultura dos protestos na França, onde por qualquer pequeno problema, o povo sai às ruas aos milhares para protestar. Uma frase marcante do filme foi:

"Aqui na França, o governo tem medo do povo. Nos EUA, o povo tem medo do governo" (no Brasil também)

Na Grécia, o nível de organização dos trabalhadores é tão forte, que já realizaram 3 greves gerais em uns 2 meses, na recente crise da Grécia. Imagine o que é parar um país inteiro. Isso é algo incrível, que só os trabalhadores têm condições de fazer.

Na Tailândia, o povo está trocando bala com o exército, na tentativa de fazer com que o primeiro ministro tailandês dissolva o parlamento e convoque novas eleições. Os confrontos duram muito tempo, morreram muitas pessoas mas o povo não cede de jeito nenhum.

Mas, por que no Brasil as pessoas não se manifestam também?

Porque não fomos educados para isso.


Por que o povo não luta?



No Brasil, quando um grupo está se manifestando, cobrando os seus direitos, a mídia rapidamente se encarrega de desmoralizar a manifestação. Ao invés de mostrar em detalhes, a luta dos trabalhadores, a principal notícia exibida é:

"A avenida X foi bloqueada num protesto de profissionais da área de ... isso causou muitos transtornos à população, que ..."

Resumindo, a mídia usa esse fato mais para jogar a população contra a manifestação do que para ensinar a importância de se manifestar ou até mostrar melhores formas de se manifestar.

Dessa forma, cria-se uma cultura de não-manifestação, fazendo com que a população odeie protestos, ache que isso é coisa de baderneiro e não proteste de forma alguma, não importa o quão ruim esteja a sua situação.

A imprensa se comporta dessa forma, porque os mesmos que financiam os políticos também financiam as empresas donas dos jornais, revistas, rádios e canais de TV, quando não são os donos dos mesmos.


A grande pergunta: por que as coisas não mudam?



Para responder a essa pergunta, preciso demonstrar todo o ciclo:

Tudo começa com a sociedade cheia de problemas sociais. A imprensa fala repetidas vezes que isso é culpa do povo, por que não vota com consciência e que a única forma de resolver esses problemas é votando.

Quando chegam as eleições, quase todos os candidatos ou todos eles são financiados com milhões vindos dos empresários e são a única opção de voto do povo. Aí o povo tem de decidir:

"votar no candidato do grupo de empresários X ou do grupo de empresários Y"

Mas e o representante do povo, onde está?

Se ele existir, fica praticamente invisível por não ter milhões para gastar numa campanha espalhafatosa e também por possuir um tempo mínimo no horário eleitoral gratuito, para expor suas idéias. Somente os grandes partidos possuem muito tempo para falar.

Quando as eleições se encerram, o povo se enche de esperanças de que as coisas vão melhorar, mas quase nada muda. A sociedade continua um caos.

Tudo isso ocorre por que aqueles políticos que tiveram a campanha financiada por empresas, continuam sendo financiados por elas e vão trabalhar para elas e não para o povo.

Além de financiar os políticos, esses empresários também financiam quase toda a imprensa, fazendo com que a mesma não divulgue informações que não interessantes para eles, eduque o povo a não se manifestar e a se conformar.

A imprensa ensina ao povo que, para melhorar de vida, basta que a pessoa se esforce, pois vivemos numa sociedade justa, com igualdade de oportunidades para todos.

Para reforçar esse conceito, mostra constantemente o exemplo de alguém que era um "João Ninguém" e que apenas com o seu esforço, realizou sonhos ou ficou muito rico ou se tornou muito famoso, etc. Dessa forma, as pessoas se conformam e passam a acreditar que a vida delas está ruim por culpa delas mesmas e não de outros fatores externos à elas.

No passado, a polícia e o exército eram os únicos instrumentos usados para conter a revolta da população, quando a sociedade estava um caos. Hoje, também usam a imprensa para fazer esse mesmo trabalho, mas sem violência, apenas com manipulação de informações, sendo bem mais eficiente.

É de total interesse dos grandes empresários, que o povo continue nesse ciclo ilusório. Desse modo, cria-se uma população conformada, iludida pela tv com sonhos de riqueza e com esperanças de melhorias que nunca virão.

As pessoas estão sempre muito ocupadas com coisas mais importantes:

* vendo a nova capa da Playboy;
* o resultado do jogo do campeonato brasileiro;
* qual será a nova escalação da seleção;
* o julgamento dos pais da Isabela Nardoni;
* qual o próximo penteado que a Aline Moraes vai usar;
* O que a Geisy Arruda vai fazer a partir de agora;
* quem será o ganhador do BBB.
* qual vai ser a moda do próximo verão.
* pesquisando quais jogos vão ser lançados para o Playstation III.
* descobrindo quais shows vão ocorrer neste mês;
* quais livros serão lançados este mês? (essa foi brincadeira);

Se o povo não abrir os olhos e enxergar o quanto é manipulado, passará 10, 20, 30 anos e a sociedade continuará a mesma.

Um comentário:

  1. Realmente não tem muito o que acrescentar, é basicamente o que acontece no sistema de eleições em grande parte do mundo.


    Vale dizer que qualquer sistema que fuja desse modo explicitado passa a ser marginalizado (como o Cubano por exemplo).

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