terça-feira, 8 de julho de 2014

Sindicato de crianças na Bolívia: Agora a idade mínima para trabalhar é 10 anos


Abaixo estão alguns trechos de uma matéria da BBC Brasil:

Aos 10 anos, o boliviano Yaguar Mamani Paredes já sabe como negociar seus direitos com o governo.
Paredes, que trabalha desde os seis vendendo sucos em um mercado de rua do bairro operário de Villa Fátima, na capital da Bolívia, La Paz, vem participando de várias reuniões com parlamentares do país para convencê-los sobre a necessidade da legalização do trabalho infantil.
O menino integra a União das Crianças e Adolescentes Trabalhadores da Bolívia (Unatsbo, na sigla em espanhol), um sindicato que neste mês conseguiu que a Assembleia Nacional aprovasse uma reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente do país para reduzir a idade mínima de trabalho para dez anos em casos excepcionais.
O caso de Paredes está longe de ser único na Bolívia, onde, segundo as estimativas oficiais, mais de 800 mil crianças e adolescentes trabalham, ainda que, segundo a Unatsbo, esse número possa superar facilmente 1 milhão.
Nas cidades bolivianas, é comum ver crianças carregando bolsas nos supermercados, lustrando sapatos, vendendo mercadorias nas ruas [...]
Mas há outro lado do trabalho infantil menos visível ─ e perigoso para as crianças. Centenas delas trabalham como mineiros, pedreiros ou agricultores, cortando cana-de-açúcar ou quebrando castanhas.
Cientes dessa realidade, em 2000, as crianças trabalhadoras fundaram a Unatsbo para pedir que seus direitos fossem respeitados [...]
As reuniões da Unatsbo acontecem a cada 15 dias e de forma virtual. Membros de nove departamentos (Estados) da Bolívia – menores de 18 anos – participam dos encontros online, durante os quais analisam a estratégia para negociar com legisladores a reforma do Estatuto da Criança e do Adolescente do país.
"Por que a criança ou o adolescente trabalha? Por causa da pobreza extrema, porque mora nas ruas. Por que esse problema não é solucionado, em vez de impedir o trabalho infantil?", diz Medrano [Rodrigo Medrano, integrante da Unatsbo de 15 anos].
É um pouco chocante imaginar uma legalização do trabalho infantil para crianças de 10 anos, mesmo que "em casos excepcionais".

Infelizmente na Bolívia, assim como em muitos países, uma quantidade imensa de crianças vive na pobreza ou na miséria. Elas irão trabalhar independente de ser permitido ou não, pois o que as faz trabalhar é a necessidade e não a vontade.

Fiquei chocado com as estimativas de 800 mil ou 1 milhão de crianças bolivianas que trabalham, principalmente porque a Bolívia tem apenas 10 milhões de habitantes.

Colocar as crianças na escola, ajuda e muito a mudar o futuro delas, mas até que tenham escolaridade o suficiente para conseguirem bons empregos, precisam ajudar os pais a conseguir dinheiro para casa, mesmo que pouco, pois cada pouquinho faz uma grande diferença para quem vive com quase nada.

Como já mencionou o pequeno Rodrigo Medrano, a pobreza extrema é a principal causa do trabalho infantil e não a autorização legal para o mesmo. Somente solucionando o problema da pobreza extrema será possível de forma consistente eliminar o trabalho infantil.

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