Apresentador do telejornal que defende os interesses da empresa Omnicorp no filme |
Neste sábado, dia 9, fui ao cinema assistir ao novo filme do Robocop, do diretor brasileiro José Padilha, que também dirigiu os dois filmes "Tropa de Elite".
Sai maravilhado com o filme e vou comentar a respeito de um aspecto muito interessante mostrado nele: a imprensa.
Algo que é mostrado por todo o filme é um telejornal que é utilizado diariamente para manipular a opinião pública, para que fique a favor da revogação de uma lei que proíbe que robôs sejam colocados nas ruas, para que façam o patrulhamento no lugar dos policiais.
A justificativa do uso de robôs é a que que eles fariam um trabalho mais eficiente na perseguição dos bandidos. As máquinas seriam perfeitas pois nunca se cansariam, seriam incorruptíveis e não agiriam por emoção.
No filme, a principal oposição ao projeto vem do senador Dreifus, que consegue convencer a maioria dos eleitores de que seria um erro pôr tais máquinas nas ruas, pois as mesmas, pelo fato de não sentirem qualquer emoção, poderiam matar uma criança sem qualquer hesitação, se achassem necessário.
Como a maioria dos eleitores é contra o projeto, os congressistas se recusam a revogar a lei, mesmo recebendo uma grande propina da empresa que fabrica os tais robôs, a Omnicorp.
Para que o congresso seja pressionado a revogar a lei, a empresa passa a financiar a imprensa, para convencer a opinião pública de que a revogação da lei seria benéfica a todos. A empresa lucraria algo em torno de 600 bilhões de dólares se a lei fosse extinta.
A justificativa do uso de robôs é a que que eles fariam um trabalho mais eficiente na perseguição dos bandidos. As máquinas seriam perfeitas pois nunca se cansariam, seriam incorruptíveis e não agiriam por emoção.
No filme, a principal oposição ao projeto vem do senador Dreifus, que consegue convencer a maioria dos eleitores de que seria um erro pôr tais máquinas nas ruas, pois as mesmas, pelo fato de não sentirem qualquer emoção, poderiam matar uma criança sem qualquer hesitação, se achassem necessário.
Como a maioria dos eleitores é contra o projeto, os congressistas se recusam a revogar a lei, mesmo recebendo uma grande propina da empresa que fabrica os tais robôs, a Omnicorp.
Para que o congresso seja pressionado a revogar a lei, a empresa passa a financiar a imprensa, para convencer a opinião pública de que a revogação da lei seria benéfica a todos. A empresa lucraria algo em torno de 600 bilhões de dólares se a lei fosse extinta.
O que o filme mostra é um retrato fiel do que ocorre atualmente. Grandes corporações nacionais e multinacionais financiam políticos de diversos partidos, durante a campanha eleitoral ou depois dos mesmos serem eleitos, para que votem no congresso a favor de projetos de lei ou de mudanças na constituição que os beneficiem. Mas se um projeto é muito impopular, os políticos não o aprovam por medo da opinião dos eleitores. Nesses casos essas grandes empresas precisam influenciar a opinião pública, para que os políticos não tenham receio de votar à favor da lei.
Para influenciar a opinião dos eleitores, os empresários financiam veículos da grande imprensa, através de contratos de publicidade com altos valores.
Esses grupos de comunicação, como a Globo, A Record, a Abril e a Folha, também são empresas com fins lucrativos e pensarão duas vezes antes de publicar qualquer coisa que prejudique um grande patrocinador, principalmente se estiverem com dificuldades financeiras.
Imagine que um grupo de comunicação grande ou pequeno tem 15% do seu faturamento mensal pago por um determinado patrocinador. Será que vale a pena perder uma fortuna para defender uma idéia? Quantos donos de canais de TV, sites ou jornais fariam isso? você faria isso?
Imagine agora que num pequeno estado, como Alagoas, para influenciar a opinião pública, seria necessário financiar apenas uns 3 canais de TV, uns 4 jornais e cerca de 3 a 4 sites na internet. O quão difícil é para um grupo de empresários montar um fundo financeiro e financiar mensalmente esses poucos veículos de imprensa para defender seus interesses?
Esse é o grande problema de termos uma imprensa concentrada nas mãos de tão poucos. É muito fácil controlá-la. Se em vez de 3 canais de TV locais num estado, houvesse 30 canais, talvez fosse mais difícil controlar a imprensa. Mas os custos para se ter um canal de TV são exorbitantes e poucos conseguem uma concessão.
O fato de termos hoje um grupo de comunicação como as Organizações Globo, com alcance de norte a sul do país, chegando desde a casa mais rica até a mais pobre, dá a esse grupo um poder enorme no país. Os seus donos, que estão entre os 10 mais ricos do Brasil, têm uma capacidade de influenciar a opinião pública como ninguém mais e eles usam essa capacidade a todo momento em benefício próprio, dos seus parceiros de negócio e dos seus patrocinadores.
A única esperança que temos com relação à mídia é que a população migre cada vez mais para a internet. Pois é a única mídia onde existe uma concorrência ampla. O portal da Globo na internet além de concorrer com os portais dos outros grandes grupos de comunicação tem de concorrer com outros milhares de sites e blogs que produzem notícias e entretenimento.
Na internet é impossível para qualquer dos grupos de comunicação ter a mesma fatia da audiência que possuem na TV ou na mídia impressa.
Somente na internet é possível ter acesso às opiniões de uma grande quantidade de pessoas, das mais diferentes correntes políticas. Eu posso ler um pouco sobre o que cada um pensa sobre um tema e formar a minha opinião analisando o tema sobre diversos ângulos. Antes as únicas opções que tínhamos eram uma dúzia de canais de TV, rádios e jornais que falavam sozinhos para todo mundo. Não importava se havia outra versão para os fatos. Se eles não mostrassem, você jamais saberia. O que a TV e os jornais não mostrassem, era como se não existisse.
Hoje com as redes sociais na internet, a capacidade de comunicação dos cidadãos atingiu um nível que há poucos anos era inimaginável. Algo que ocorre às 8:00 no interior de São Paulo pode já ser conhecido por milhares de pessoas por todo o país às 8:30, sem que a imprensa tenha feito a divulgação do fato. Isso passou a ser assustador para a imprensa tradicional, pois ela perdeu o monopólio da produção e divulgação de notícias. Ocultar acontecimentos da população tornou-se cada vez mais difícil.
Além disso, com as redes sociais, um texto escrito por um blogueiro independente pode ser divulgado rapidamente para milhares de pessoas sem que ele precise desembolsar um único centavo, algo que antes era praticamente impossível. Isso fez com que muitas pessoas antes desconhecidas passassem a influenciar a opinião pública tanto quanto os comentaristas pagos por grupos de comunicação.
Apesar dessa mídia alternativa, criada através da internet, estar crescendo e servir de contraponto às opiniões mostradas na grande imprensa, ela ainda carece de mais organização. Hoje há milhares de blogs e sites que concorrem com eles, mas que estão bastante desarticulados. Hoje não há algum tipo de organização ampla da mídia alternativa, que se reúna periodicamente e que trace suas linhas de ação.
Em alguns casos, a mídia alternativa só consegue ser um contraponto eficiente porque de maneira espontânea se junta em torno de uma causa e mostra de forma persistente todos os outros lados da história que a grande imprensa não quis mostrar. Mas em poucos casos isso acontece.
Os integrantes dessas novas mídias precisariam se organizar de uma forma que tivessem reuniões periódicas, que poderiam ser até virtuais, para traçar objetivos em comum a alcançar, decidir as pautas que seriam lançadas para discussão na sociedade e também formar grupos de trabalho em torno de um determinados temas, em que uns escreveriam, outros fariam charges, outros fariam pesquisas e investigações, outros criariam vídeos, de maneira a formar um trabalho midiático em conjunto que realmente tivesse peso para enfrentar o poder dos grandões.
Enquanto não for criado algo assim, continuaremos apenas discutindo as pautas impostas pela Globo, Record, SBT, Veja, Folha e outros. Dificilmente conseguiremos direcionar a opinião pública para temas mais relevantes, que conscientizem a população dos principais problemas do país, se a mídia alternativa não se organizar.
Blogueiros do mundo, uni-vos!
Somente na internet é possível ter acesso às opiniões de uma grande quantidade de pessoas, das mais diferentes correntes políticas. Eu posso ler um pouco sobre o que cada um pensa sobre um tema e formar a minha opinião analisando o tema sobre diversos ângulos. Antes as únicas opções que tínhamos eram uma dúzia de canais de TV, rádios e jornais que falavam sozinhos para todo mundo. Não importava se havia outra versão para os fatos. Se eles não mostrassem, você jamais saberia. O que a TV e os jornais não mostrassem, era como se não existisse.
Hoje com as redes sociais na internet, a capacidade de comunicação dos cidadãos atingiu um nível que há poucos anos era inimaginável. Algo que ocorre às 8:00 no interior de São Paulo pode já ser conhecido por milhares de pessoas por todo o país às 8:30, sem que a imprensa tenha feito a divulgação do fato. Isso passou a ser assustador para a imprensa tradicional, pois ela perdeu o monopólio da produção e divulgação de notícias. Ocultar acontecimentos da população tornou-se cada vez mais difícil.
Além disso, com as redes sociais, um texto escrito por um blogueiro independente pode ser divulgado rapidamente para milhares de pessoas sem que ele precise desembolsar um único centavo, algo que antes era praticamente impossível. Isso fez com que muitas pessoas antes desconhecidas passassem a influenciar a opinião pública tanto quanto os comentaristas pagos por grupos de comunicação.
Hoje há muitas ferramentas na internet que dão voz aos que não tinham |
Em alguns casos, a mídia alternativa só consegue ser um contraponto eficiente porque de maneira espontânea se junta em torno de uma causa e mostra de forma persistente todos os outros lados da história que a grande imprensa não quis mostrar. Mas em poucos casos isso acontece.
Os integrantes dessas novas mídias precisariam se organizar de uma forma que tivessem reuniões periódicas, que poderiam ser até virtuais, para traçar objetivos em comum a alcançar, decidir as pautas que seriam lançadas para discussão na sociedade e também formar grupos de trabalho em torno de um determinados temas, em que uns escreveriam, outros fariam charges, outros fariam pesquisas e investigações, outros criariam vídeos, de maneira a formar um trabalho midiático em conjunto que realmente tivesse peso para enfrentar o poder dos grandões.
Enquanto não for criado algo assim, continuaremos apenas discutindo as pautas impostas pela Globo, Record, SBT, Veja, Folha e outros. Dificilmente conseguiremos direcionar a opinião pública para temas mais relevantes, que conscientizem a população dos principais problemas do país, se a mídia alternativa não se organizar.
Blogueiros do mundo, uni-vos!