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Apresentador do telejornal que defende os interesses da empresa Omnicorp no filme |
Neste sábado, dia 9, fui ao cinema assistir ao novo filme do Robocop, do diretor brasileiro José Padilha, que também dirigiu os dois filmes "Tropa de Elite".
Sai maravilhado com o filme e vou comentar a respeito de um aspecto muito interessante mostrado nele: a imprensa.
A justificativa do uso de robôs é a que que eles fariam um trabalho mais eficiente na perseguição dos bandidos. As máquinas seriam perfeitas pois nunca se cansariam, seriam incorruptíveis e não agiriam por emoção.
No filme, a principal oposição ao projeto vem do senador Dreifus, que consegue convencer a maioria dos eleitores de que seria um erro pôr tais máquinas nas ruas, pois as mesmas, pelo fato de não sentirem qualquer emoção, poderiam matar uma criança sem qualquer hesitação, se achassem necessário.
Como a maioria dos eleitores é contra o projeto, os congressistas se recusam a revogar a lei, mesmo recebendo uma grande propina da empresa que fabrica os tais robôs, a Omnicorp.
Para que o congresso seja pressionado a revogar a lei, a empresa passa a financiar a imprensa, para convencer a opinião pública de que a revogação da lei seria benéfica a todos. A empresa lucraria algo em torno de 600 bilhões de dólares se a lei fosse extinta.
Somente na internet é possível ter acesso às opiniões de uma grande quantidade de pessoas, das mais diferentes correntes políticas. Eu posso ler um pouco sobre o que cada um pensa sobre um tema e formar a minha opinião analisando o tema sobre diversos ângulos. Antes as únicas opções que tínhamos eram uma dúzia de canais de TV, rádios e jornais que falavam sozinhos para todo mundo. Não importava se havia outra versão para os fatos. Se eles não mostrassem, você jamais saberia. O que a TV e os jornais não mostrassem, era como se não existisse.
Hoje com as redes sociais na internet, a capacidade de comunicação dos cidadãos atingiu um nível que há poucos anos era inimaginável. Algo que ocorre às 8:00 no interior de São Paulo pode já ser conhecido por milhares de pessoas por todo o país às 8:30, sem que a imprensa tenha feito a divulgação do fato. Isso passou a ser assustador para a imprensa tradicional, pois ela perdeu o monopólio da produção e divulgação de notícias. Ocultar acontecimentos da população tornou-se cada vez mais difícil.
Além disso, com as redes sociais, um texto escrito por um blogueiro independente pode ser divulgado rapidamente para milhares de pessoas sem que ele precise desembolsar um único centavo, algo que antes era praticamente impossível. Isso fez com que muitas pessoas antes desconhecidas passassem a influenciar a opinião pública tanto quanto os comentaristas pagos por grupos de comunicação.
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Hoje há muitas ferramentas na internet que dão voz aos que não tinham |
Em alguns casos, a mídia alternativa só consegue ser um contraponto eficiente porque de maneira espontânea se junta em torno de uma causa e mostra de forma persistente todos os outros lados da história que a grande imprensa não quis mostrar. Mas em poucos casos isso acontece.
Os integrantes dessas novas mídias precisariam se organizar de uma forma que tivessem reuniões periódicas, que poderiam ser até virtuais, para traçar objetivos em comum a alcançar, decidir as pautas que seriam lançadas para discussão na sociedade e também formar grupos de trabalho em torno de um determinados temas, em que uns escreveriam, outros fariam charges, outros fariam pesquisas e investigações, outros criariam vídeos, de maneira a formar um trabalho midiático em conjunto que realmente tivesse peso para enfrentar o poder dos grandões.
Enquanto não for criado algo assim, continuaremos apenas discutindo as pautas impostas pela Globo, Record, SBT, Veja, Folha e outros. Dificilmente conseguiremos direcionar a opinião pública para temas mais relevantes, que conscientizem a população dos principais problemas do país, se a mídia alternativa não se organizar.
Blogueiros do mundo, uni-vos!