sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

No lugar da violência devemos aderir à resistência


No dia 6 deste mês, na cidade do Rio de Janeiro, num confronto entre policiais e manifestantes contrários ao aumento das passagens de ônibus, ocorreu uma explosão que matou o cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade.

Momento da explosão que atingiu o cinegrafista
Na mesma noite, a Globo News mostrou o depoimento do jornalista Bernardo Menezes, afirmando que a bomba havia sido jogada pela polícia.

O caso parecia estar resolvido. Era apenas mais um episódio de violência policial nas manifestações, como tantos outros que são noticiados com frequência.

Mas no dia seguinte, um vídeo de uma TV Russa mostrou claramente que o cinegrafista foi atingido por um rojão e não uma bomba da polícia.

Veja a imagem do rojão no instante 1:00 do vídeo abaixo.

Isso foi uma novidade. Uma pessoa foi morta num protesto e a culpa não era da polícia e sim de um manifestante, cuja intenção era lançar o rojão na direção dos policiais.

Provavelmente nem os acertaria, dada a distância que o lançou. Mas o inesperado aconteceu e o rojão atingiu em cheio a cabeça do cinegrafista Santiago Andrade.

Na tentativa de fazer um "ataque pirotécnico", acabou fazendo um ataque mortal contra um inocente. Isso aconteceu há apenas poucos dias de outro acidente em que um fusca ficou enganchado em um colchão incendiado, o que resultou no incêndio do veículo.


Os governantes adoram manifestantes violentos

A morte do cinegrafista e o incêndio do fusca nos trazem uma lição muito importante: agora mais do que nunca, o uso da violência por parte dos manifestantes têm de ser evitada, principalmente com o uso de rojões, de coquetéis molotov e outras armas perigosas, que podem ferir gravemente ou até matar outras pessoas.

A violência deve ser evitada, mesmo sabendo que a polícia não vai deixar de agredir. A violência deve ser substituída pela resistência.

A principal motivação das agressões das PMs é coibir o ato de se manifestar. O vandalismo é apenas a justificativa que os governantes usam para agredir.

Muitos deles ficaram desesperados quando viram a população nas ruas, protestando de maneira constante, derrubando sua popularidade.

O que eles querem é que os manifestantes protestem com bastante violência, pois assim terão apoio para reprimir com toda força.

Bater em quem está destruindo lojas, pontos de ônibus ou carros não causa revolta na população. Não importa se a destruição é causada por poucos. A TV fará parecer que são a maioria.

As imagens dos manifestantes agressivos, mostradas constantemente, são usadas para que a população não queira ir às ruas. Já as imagens dos manifestantes apanhando, sem que tenham agredido, geram o efeito contrário e foram um dos motivos que levaram aquelas multidões às ruas no ano passado.

Jornalista da Folha e Fotógrafo da Agência France Press, agredidos pela polícia no ano passado

Aquelas imagens de milhares de pessoas se manifestando, cantando e gritando, com seus cartazes, não serão esquecidas tão facilmente.




É proibido ficar indignado

Os governistas e a direita querem a todo momento fazer com que a população pense que as manifestações são apenas de grupos de Black Blocks e outros igualmente violentos. Não importa se 95% das pessoas estão se manifestando pacificamente. O importante é mostrar apenas a quebradeira dos “fascistas” ou “terroristas”. 

Não estão com a menor vontade de ver manifestações com mais de 100 mil pessoas novamente. Querem a população apenas sentada em casa, em frente à TV assistindo o Big Brother, o campeonato brasileiro ou a Copa do Mundo. Não querem que os governantes dos partidos que mais lhes agradam sejam contestados. Não querem a mudança.

Eles morrem de medo que todo o exército de inconformados se levante e grite contra essa forma de fazer política sem o povo, financiada pelas elites, negociada apenas entre os poderosos. 

O povo quer ter voz. Não quer apenas ser ouvido a cada 2 anos. Quer mais... 

Quer muito mais...


0 comentários:

Postar um comentário